Uma condição para dignidade é tratar as pessoas como fins e não como meios. À partir do momento que tratamos uma pessoa ou um grupo de pessoas como instrumentos para nossos fins, por mais nobres que sejam nossos fins, nós estamos violando esta dignidade.
Meu interesse por política começou com um movimento cujo lema era "não nos representam", o que me fez me interessar por formas de organização participativa e inclusiva. Entretanto nessa época muita energia foi gasta com um jogo de pique bandeira, pessoas querendo pegar a causa para si. Eram reuniões intermináveis, com horários complicados, com pautas longas e falas estruturadas para manipular a sala.
Isso tudo para tornar o processo de se organizar ininteressante1, pois não é um cenário de cooperação e sim uma luta por poder interno. Desde então eu evitei esse tipo de cenário, e eu até que fiz um bom trabalho. Ainda assim, meu interesse por organizações participativas só se fortaleceu, afinal escutar opiniões faz parte da dignidade.
Por isso eu me incomodo quando pessoas tentam falar em nome de um grupo, chegando a apagar e excluir pessoas deste grupo. Pior ainda é ver isso acontecer com camaradas, só porque algumas pessoas querem manter seu status de porta voz do grupo. Isso tudo é pior que contrário a construção de uma organização, é a vontade de monopolizar a organização.
Eu achava que esse episódio do começo que eu tanto evitei foi só uma má experiência, mas hoje serviu de lição para tomar cuidado. Lamento que uma causa tenha virado palanque para eleitoreiros.
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