Estava conversando com uma camarada e lembrei do primeiro texto que me colocou nesse blog, que eu despubliquei para editar, o que justifica uma breve introdução.
Era um texto sobre as culturas que criamos em movimentos. Escrever esse texto foi muito legal pois pude conversar com outras pessoas sobre questões de diversidade em espaços militantes e tembém sobre como criar um ambiente saudável e duradouro para ativistas1.
E isso tem tudo a ver com um dos temas desse blog que é o amor incondicional como força transformadora. Ou melhor, tem a ver com algo que impede que ele se desenvolva. As expectativas idealistas2 são uma forma de alienar as pessoas das ações, e que nos permite de nos colocarmos em uma posição superior aos outros, pois estaríamos deslegitimizando o outro e nos colocando em uma posição de aprovadores/reprovadores.
É muito difícil de se construir relações sinceras com essa postura de julgamento. O acolhimento da boa vontade das pessoas é a força que alimentou minha permanência no projeto diasporique, o fato de podermos não sermos perfeitos3 e ainda assim contribuirmos para o projeto é algo fatual e poderoso. Isso leva em consideração que todas pessoas são dignas de serem amadas, e que pessoas imperfeitas podem fazer coisas "boas".
O ambiente que eu encontrei no projeto diasporique, seja na relação que tenho nas aulas ou na frente que eu participo é extremamente benéfico para a proliferação do que eu chamo de amor. E por isso eu tenho tanto medo que esse espírito se perca. E para minha visão idealista das coisas, é uma forma prática de propor uma alternativa à pureza de discurso e de imagem e que nos leva a ações transformadoras. Transformar nós mesmos e o mundo ao nosso redor.
PS: enquanto eu não republico o texto, você pode ler Cultures of domination na biblioteca diasporique, ou ler esse post com motivos para ler cultures of domination. Apesar do meu resumo ser bem parecido com o conteúdo desse texto aqui.
em francês, fale comigo se quiser uma tradução Quelle culture féministe voulons nous 2: No texto Au sujet de la pureté militante
Le caractère purement personnel du purisme est ce qui me gêne le plus. Notre lutte exige certes de chacun un engagement personnel ; un mangeur de viande qui se dirait militant de la libération animale serait comme un propriétaire d’esclaves qui se dirait anti-esclavagiste. Cependant, bien que personnel, cet engagement ne devrait pas être orienté vers soi, mais vers la lutte contre l’exploitation animale
Eu falo disso no texto quando abordo o que eu aprendi com "Cultures of domination: Race and gender in radical movements". Nós precisamos um espaço que facilite as pessoas exporem suas fraquezas para que possamos fortalecelas.
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